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A jornada da inovação industrial no mundo atual

Por Giordana Madeira

Nos últimos 3 anos, vivenciei uma gigante transformação pessoal e profissional com base em teorias e experiências. Tudo o que eu li, vi e ouvi contribuíram para que hoje eu tenha segurança de expressar a minha opinião sobre o mercado da indústria têxtil brasileira e internacional, setor para o qual o Febratex Group trabalha, há mais de 30 anos, promovendo o desenvolvimento social, econômico e ambiental através dos eventos de negócios e conteúdo.

Nessa jornada de conhecimento aliado ao empreendedorismo, pude comprovar que muito do que eu acreditava, mesmo não sendo industrial, é a pura realidade: os consumidores não tem ideia da complexa indústria têxtil que está por trás da produção das roupas que compram.

Assim como o setor de eventos passou despercebido pelo sistema durante a pandemia, a gigante cadeia de valor da indústria têxtil é ainda invisível aos consumidores. E por que isso acontece?

Percebo, pelo menos, 3 razões que gostaria de compartilhar para propor essa reflexão aos consumidores que, como eu, têm interesse de se aprofundar em questões relevantes sobre um mercado fundamental para a empregabilidade no mundo, como a indústria têxtil.

Primeiramente, o desconhecimento absoluto do processo de produção ao qual uma peça final é submetida. Mesmo de forma resumida, seria importante para formar entendimento que os consumidores soubessem que uma camiseta pode começar, por exemplo, na plantação de algodão e perceber que a agricultura é determinante para os resultados da produção têxtil.

Agora, passando do algodão para o fio, existe também o processo de fiação, onde inúmeros fabricantes transformam em fio, a matéria-prima necessária para a tecelagem, criando o tecido que, simplificadamente, será uma das bases para a confecção. A indústria de confecção é a que eu tenho o maior apreço pelo alto nível de capital humano aplicado.

Os consumidores não têm acesso a essas informações, pois orbitam no meio industrial. Sabemos que sem conhecimento, dificilmente haverá valorização da cadeia produtiva têxtil. Por isso, acredito que ensinar o consumidor a jornada de uma peça pode ser um caminho na busca pelo consumo consciente.

Outro ponto importante que percebo é a desconexão que existe entre o fabricante industrial e o consumidor. Não entrando aqui na análise do modelo de negócio de cada setor, acredito que as fábricas podem explorar muito mais um marketing que valorize o seu produto e o processo produtivo aplicado.

Há muito valor e propósitos por trás das empresas que desenvolvem a matéria-prima para a moda ou confeccionam, e por isso me pergunto por que esses fabricantes ainda não exploraram a comunicação social direta com o consumidor como estratégia?

Eu conheci tantas pessoas e empresas comprometidas em fazer o “novo melhor” e desafiando-se muito para isso, que sentiria até orgulho alheio vendo-as como protagonistas e também admiradas pelos consumidores, como as marcas de moda são. Os meios digitais estão aí, acessíveis e assertivos com um bom plano de marketing.

O terceiro e mais complexo ponto de análise que percebo é a capacidade que as empresas da cadeia produtiva têm e terão de comprovar que o que falam corresponde, de fato, ao que fazem. Existem caminhos já criados como o de submeter os seus produtos e processos produtivos à validação de entidades certificadoras.

No entanto, percebo que esses selos ficam limitados ao meio industrial. O consumidor final não conhece e também não teria condições de entender o valor de cada certificação, pois faz parte de um mundo técnico.

Diante desse desafio de comunicar com transparência e do entendimento que eu tenho de que quanto mais próximo do consumidor, mais valor a marca tem, novas iniciativas que estão surgindo no mercado podem contribuir para a valorização da marca das empresas que compõem a cadeia produtiva da indústria têxtil.

São projetos digitais com o propósito de expor ao consumidor e ao mercado, a rastreabilidade de um produto e do seu processo de produção, vinculando fornecedores que se comprometem a trabalhar com transparência.

No mundo altamente conectado em que vivemos e também tendo como foco o consumidor do futuro, acredito que a utilização de plataformas digitais que, por serem escaláveis e assertivas, podem nascer para serem o canal de conexão entre industriários e consumidores que faltava.

A informação digital aliada à tecnologia como o blockchain, que garante a confiabilidade dos dados, permite que toda a jornada do produto comprado esteja a um toque do consumidor.

Além disso, às empresas que compõem a cadeia produtiva têxtil seria dado o espaço para se posicionarem no mercado como uma marca altamente transparente e confiável.

Ainda usando o exemplo da camiseta, perguntas estratégicas poderiam ter respostas livremente acessada pelos usuários, criando a oportunidade ideal para fabricantes cativarem o consumidor que podem tornarem-se também seus clientes.

Qual matéria-prima compõe essa peça? Onde foi cultivado o algodão? Esse fio é de produção nacional? E o tecido onde foi produzido?

Imaginem o quão inovador seria para os atuais modelos de negócios se o consumidor final comprasse uma peça de roupa também por reconhecer o valor e admirar a marca do fabricante do tecido, por exemplo?

Acredito que a digitalização possibilitou realizar essa nova e valorosa conexão e, sob esse propósito, surgem iniciativas como a Rastra, no Brasil e Rastratech, em Portugal, da qual eu participo, dispostas a trabalhar para transparecer a cadeia produtiva têxtil aos olhos do consumidor e assim criar-lhe mais valor.

Por fim, assim como diz Peter Drucker, que bem representa essa minha reflexão “a inovação baseada no conhecimento tem o mais longo tempo de liderança de todas as inovações”.

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