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Green deal e impactos para a indústria têxtil na Europa

Já faz várias décadas que as mudanças climáticas são uma preocupação dos governos ao redor do mundo. A emissão de gases poluentes e a extração de recursos naturais trazem um impacto visível ao planeta e prejudicam a longevidade da economia atual. Por isso, várias forças trabalham para desenvolver métodos de produção mais sustentáveis. E um dos melhores exemplos disso hoje é o Green Deal europeu.

Longe de ser o primeiro acordo econômico para aumentar a sustentabilidade, este parece ser um dos mais ousados. Sua implementação já teve influência significativa nos processos da indústria têxtil na Europa. Algo que afeta importadores em outras partes do mundo, produtores parceiros, sem mencionar que a prática pode ser adotada em outros continentes.

Independentemente do caso, é importante entender como esse acordo funciona e quais devem ser seus impactos. Acompanhe e veja mais sobre o Green Deal e seu efeito na indústria têxtil europeia.

O que é o Green Deal?

O Pacto Ecológico Europeu, Green Deal ou “Acordo Verde”, em tradução literal, é uma estratégia de crescimento e modificação econômica feita pela Comissão Europeia em 2020, com o intuito de tornar a economia dos países-membros mais sustentável. O projeto foi apresentado pela presidente da Comissão na época, Ursula von der Leyen, da Alemanha, quando tomou posse do cargo em dezembro de 2019.

Esse plano tem como objetivo acelerar a promoção da sustentabilidade na União Europeia, a fim de torná-lo o primeiro continente com a menor emissão de gases poluentes. Isso sem reduzir seu potencial.

A ideia é dissociar o desenvolvimento econômico, tecnológico e social da exploração dos recursos naturais. Assim, empresas podem manter um bom ritmo de produção e gerar empregos sem causar danos ao meio ambiente.

Como os governos estão implementando esse pacto?

A forma como o Green Deal foi apresentado na Comissão Europeia envolve uma série de ações, as quais incluem coordenação entre empresas, governos e a população. Veja aqui alguns dos principais aspectos desse acordo.

Plano para as próximas três décadas

Ao contrário de muitos outros projetos de sustentabilidade, que trabalham com um prazo de implementação de poucos anos, a meta do Green Deal é reduzir a emissão de gases do efeito estufa em 50% a 55% em relação aos números de 1990 até 2050.

Ainda são três décadas de medidas a serem implementadas, a partir deste ano, com mudanças bem drásticas em todos os setores da economia, não apenas na indústria têxtil. Considerando que vários países estão envolvidos, não um único governo, as chances de sucesso são mais altas do que em planos com prazos mais curtos.

Ênfase nas tecnologias limpas

O avanço tecnológico é uma parte essencial de praticamente qualquer setor econômico, desde a agricultura até a comunicação digital. Porém, muitas dessas inovações também envolvem o consumo de grandes quantidades de recursos naturais, produção de resíduos ou emissão de gases poluentes. Algo muito evidente na indústria, em que combustíveis e água são consumidos em larga escala.

Felizmente, também existem inovações tecnológicas criadas justamente para reduzir essas emissões e aproveitar melhor os recursos naturais. Para os países dentro desse acordo, todas as indústrias devem adotar essas inovações, nas próximas décadas, levando a uma renovação completa em seus processos produtivos.

Modelo econômico mais resistente a crises

Um tópico que entrou para a pauta do Green Deal foi a pandemia da Covid-19, que se espalhou pelo mundo em 2020. A necessidade de isolamento forçou vários setores a interromperem seu funcionamento ou migrar suas equipes para o trabalho a distância. Naturalmente, isso teve um grande impacto na economia, com aumento no índice de desemprego e queda no consumo.

As metas de sustentabilidade desse novo acordo incluem não só a proteção do meio ambiente, mas também construir uma economia que possa passar por essas crises com menor perda no futuro. Assim, o impacto no sustento de várias famílias, pequenos negócios e indústrias será reduzido — e a recuperação mais rápida.

Instruções para atuação das indústrias

Considerando a complexidade dessas medidas, é fundamental que todas as partes envolvidas cooperem para alcançar essas metas. Especialmente as indústrias, que são responsáveis por grande parte da produção de gases poluentes e resíduos no mundo. O primeiro desafio, aqui, é saber como promover essas mudanças de maneira efetiva.

Naturalmente, os governos também terão um papel importante na coordenação desses esforços, o que inclui auxiliar as indústrias nessa migração. Tanto na forma de incentivos fiscais e financeiros quanto com instruções diretas sobre como criar uma indústria mais sustentável. Será preciso lidar com questões, como: quais medidas contribuem com essa meta, as tecnologias envolvidas, formas de diminuir a produção de resíduos etc.

Como o Green Deal afeta a indústria têxtil na Europa?

A indústria têxtil é famosa por ser uma das maiores produtoras de resíduos e consumidoras de água no mundo. Para poder se adequar ao novo Pacto Ecológico Europeu, é necessário implementar algumas mudanças drásticas em sua produção.

Isso acontece porque ela é uma indústria linear, ou seja, o caminho dos recursos começa com a extração de matéria-prima e acaba com o produto final. Um modelo não sustentável, em essência. O plano inclui adotar um modelo econômico circular, no qual o descarte do produto final apresenta um efeito de retroalimentação. Sendo assim, os recursos são preservados por mais tempo.

Confira, a seguir, algumas das medidas usadas para implementar esse modelo circular.

Produtos com maior durabilidade

Um dos fatores que tornam a indústria têxtil tão problemática para a sustentabilidade e preservação ecológica é o descarte dos produtos. Muitos tecidos e roupas não são feitos com a durabilidade em mente, o que aumenta o índice de descarte.

O primeiro passo é mudar os métodos de produção para enfatizar a durabilidade dos materiais e dos designs. Dessa forma, a quantidade de tecido sendo descartada também diminui. Roupas podem ser usadas por mais tempo ou passadas adiante ainda em bom estado.

Redução do estoque excedente

Uma prática comum em muitas indústrias é descartar o estoque excedente antes de uma nova remessa de mercadorias. A intenção é evitar a depreciação do valor do produto devido à maior quantidade disponível. Porém, como você deve imaginar, isso leva a um aumento considerável no desperdício de material.

A intenção do Green Deal é também eliminar essa prática como parte de todas as indústrias. E uma forma de fazer isso é diminuir a quantidade de estoque excedente. Em alguns contextos, isso significa reduzir o ritmo de produção ou encontrar outras formas de escoar o material.

Maior facilidade de reutilização e reciclagem

Remendar roupas é uma prática bem comum em vários ambientes, especialmente aquelas com material mais caro. A ideia é que, além de duráveis, esses novos materiais também sejam mais fáceis de remendar e reutilizar, o que aumenta sua vida útil. Isso também vale para sua reciclagem. Em vez de descartar o tecido, ele pode ser destinado à produção de novas roupas ou outros materiais.

O Green Deal é um projeto importante para promover a sustentabilidade do continente europeu. Com seu impacto na indústria têxtil, é provável que outras partes do mundo também sintam suas repercussões.

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